domingo, 20 de agosto de 2017

1989 - Presto

Na época do seu lançamento, o disco era classificado por alguns críticos como "o trabalho mais espontâneo e vívido desde Permanent Waves", de 1980. A banda buscava nesse momento balancear sua musicalidade notavelmente progressiva com a diversidade, trazendo no primeiro single um nítido aperfeiçoamento das investidas que foram marcantes nos álbuns anteriores, ressurgindo com energia renovada. "De certa forma, esse álbum foi uma verdadeira reação contra a tecnologia", reconhece Geddy. "Eu estava ficando doente e cansado de trabalhar com computadores e sintetizadores. Felizmente, foi o Rupert. Estávamos unidos em nossa rebelião, decidindo por uma abordagem mais orgânica. Fizemos um pacto sobre ficarmos longe de cordas, pianos e órgãos - afastados da tecnologia digital. No fim, não pudemos resistir em usá-la como cores". "Presto não traz uma mensagem temática", afirma o baterista. "Não há nenhum manifesto, embora existam muitos segmentos e uma forte motivação de olhar para a vida hoje, tentando agir dentro dela".

O nome Presto, derivado do italiano, pode ser sinônimo de "rápido", "imediatamente", "depressa" ou "prontamente" em várias línguas, também se referindo ao andamento dito "extremamente rápido" na música erudita. Além disso, o termo é utilizado por alguns mágicos como algo próximo à palavra mística abracadabra - uma idealização de encantamento em números ilusionistas. Assim, podemos entendê-la no contexto do álbum como o núcleo primordial dos seus vários assuntos tratados, conforme as ilusões, reações e sensações que experimentamos individualmente. Metaforicamente, essas emoções não surgiriam como uma magia elaborada, sobre a qual é necessário tempo, estudo, concentração ou até mesmo uma reunião de ingredientes. Elas aparecem de imediato, bastando apenas estímulos externos específicos para que aflorem. Curiosamente, a palavra quase foi utilizada pelo Rush em um trabalho anterior. 

De acordo com Geddy Lee, Presto seria o título do álbum ao vivo mais recente até então, A Show Of Hands. Mesmo após o lançamento em 1988, o termo ainda continuava entre eles, com a banda decidindo, por fim, nomear dessa forma seu novo trabalho de estúdio. Ao mesmo tempo, Neil começou a elaborar uma canção de mesmo nome. "O título 'Presto' esteve muito perto de ser utilizado para o álbum ao vivo", afirma Geddy. "Decidimos por 'A Show of Hands', mas o outro continuou conosco, pois ainda gostávamos muito dele. Assim, foi sugerido para esse novo disco e, ao mesmo tempo, Neil estava pensando em uma música com o mesmo título. Esse título, portanto, veio bem antes da música".

domingo, 13 de agosto de 2017

1987 - Hold Your Fire

Hold Your Fire não é um álbum conceitual típico, embora envolva temas centrais como tempo, natureza, instinto e temperamento. O Rush expõe novamente sua incrível capacidade de ir além da música da época, tomando emprestados ingredientes de tendências em curso e transformando-os em algo mais intelectual, complexo e emocionante. "Estamos abertos ao que está acontecendo musicalmente, e geralmente tomamos essas influências encontrando uma maneira de trabalhá-las em nossa música", explica Peart. "Por outro lado, não somos esnobes. Gosto de dançar, e músicas para dançar de boa qualidade não me ofendem".


sábado, 5 de agosto de 2017

1985 - Power Windows

A melhor maneira de descrever esse trabalho magnífico, é a sua capacidade essencial de provocar sensações hipnóticas nos ouvintes, brilhando a proposta dos canadenses em tentar novas explorações. Neil Peart, a partir de suas linhas percussivas constituídas por padrões exímios e incomuns, guia intensamente os sintetizadores atmosféricos e as melódicas linhas de baixo de Geddy Lee, além das tocantes guitarras texturais de Alex Lifeson exploradas em dedilhados brilhantes. Por fim, os vocais nos causam um grande impacto imaginativo, refletindo todo o cenário de introspecção proposto.


1984 - Grace Under Pressure

Assim como Permanent Waves (1980), Moving Pictures (1981) e Signals (1982), Grace Under Pressure foi gravado no famoso Le Studio em Quebec, Canadá. Vários eventos noticiados no jornal Toronto Globe & Mail inspiraram grande parte das letras, particularmente "Distant Early Warning", "Red Lenses" e "Between The Wheels". A banda passava até quatorze horas no estúdio, aperfeiçoando seu som.

Trata-se de um dos álbuns mais sombrios da discografia da banda, diretamente influenciado pelas tensões crescentes da Guerra Fria e optando pelo tema central que observa como os seres humanos agem sob diferentes tipos de pressão. Em canções como "Between the Wheels" e "The Body Electric", Peart explora as pressões da vida como um todo. Em "Afterimage", ele descreve as sensações deixadas pela morte repentina de um amigo. "Red Sector A" é notável por suas alusões ao Holocausto e campos de concentração, inspirada nas lembranças de Geddy Lee em torno das histórias contadas por sua mãe quando libertada em Bergen-Belsen, onde foi mantida prisioneira. "Distant Early Warning" pode ser interpretada as pressões que envolve as possibilidades de um apocalipse nuclear. Já "The Enemy Within" surgia como a primeira parte das canções que compõem a série "Fear", ao lado de "Witch Hunt", de Moving Pictures, "The Weapon" de Signals e posteriormente "Freeze", de Vapor Trails (2002).

Musicalmente, Grace Under Pressure marca mais uma fase no desenvolvimento da sonoridade do Rush. A banda continua a fazer uso extensivo de sintetizadores, experimentando incorporar elementos do ska e do reggae em suas canções. As guitarras se mostram mais proeminentes que no trabalho anterior.