domingo, 29 de outubro de 2017

2012 - Clockwork Angels

E a espera foi grande, depois de longos cinco anos desde o ótimo Snakes & Arrows, o Rush chega com "Clockwork Angels", o seu 20º álbum de estúdio mostrando que quanto mais velha a banda fica, ela tende a ficar melhor e melhor. É impressionante como uma banda que tem quase de 40 anos de carreira e tantos álbuns ótimos e diversos - sempre com uma característica única - na sua discografia, consegue nos entregar mais um excelente álbum; intenso e poderoso o suficiente para figurar na prateleira de grandes álbuns de sua carreira. Como tradição do Rush, "Clockwork Angels" é um excelente álbum conceitual onde as músicas são inspiradas em definições steampunk de Júlio Verne e H.G. Wells (para quem não sabe, o termo "steampunk" é um sub-gênero da ficção científica onde trata-se de obras ambientadas no passado). 

"Clockwork Angels" conta a história de um jovem homem por um mundo dito "liberal e colorido" por cidades perdidas, piratas, anarquistas, um carnaval exótico e um observador que impõe precisão em cada aspecto da vida, representada pela capa do álbum repleta de simbolismo (interessante não?!). Capa aliás que nos mostra um relógio onde cada hora mostra um símbolo alquímico, e que está diretamente relacionado com as 12 canções. O relógio marca 21 horas e 12 minutos, uma alusão ao quarto álbum do grupo, 2112. Neil Peart assina todo esse material excelente, e para a nossa felicidade, que em breve virará um romance pelas mãos do escritor de ficção científica Kevin J. Anderson. "Clockwork Angels" continua o caminho percorrido desde "Vapor Trails" de 2002, onde o Rush vem "experimentando" o lado mais rock n' roll da coisa. 

Naquele esquema puro de baixo, bateria e guitarra e aproveitando as possibilidades tecnológicas e de produção que não tínhamos a décadas atrás, o Rush consegue mais uma vez consegue soar moderno e pesado, mas nunca datado e comum aos ouvidos de quem escuta. É sobretudo um álbum "rockeiro". Faixas como a direta "Caravan", a pesadíssima e de refrão grudento BU2B, e o single "Headlong Flight" dão esse tom de forma competente e contagiante. Mas o Rush não perde em nenhum momento suas viagens progressivas e nem sua pegada mais pop, faixas como a "Halo Effect", e a "The Garden" dão todo esse tom. Temos aqui inúmeras características únicas e marcantes que ao longo do tempo nos mostraram uma banda genial, seja pela guitarra cortante e cheia de riffs criativos de Alex Lifeson como na "Wish Them Well" e na soco na cara "Carnies", o baixo funkeado e a voz inconfundível do tiozinho estiloso Geddy Lee presentes fortemente na setentista "Seven Cities Of Gold", e a bateria precisa e intrincada do mestre Neil Peart como na "The Anarchist". 

Por todas as suas 12 faixas "Clockwork Angels" se mantém vigoroso, e se torna um dos álbuns mais fortes a ser candidato ao top 5 do fim do mundo de 2012. Pra quem duvidava de uma banda de quase 40 anos estrada, está aí a prova de como não pode se duvidar. Quem curte um bom rock n' roll tem que ter essa obra na sua cabeceira!

FONTE: https://descafeinadoblog.blogspot.com.br

sábado, 21 de outubro de 2017

2007 - Snakes & Arrows

Snakes & Arrows é um disco tempestuoso, que traz o reflexo do clima social e político atual confrontando crenças religiosas e guerras, abordando também as ideias de sorte e destino, questionando a noção de fé e estendendo diferentes percepções num turbilhão de incertezas, mas conseguindo ainda assim transmitir convicção e esperança nesse tempo tão conturbado. 

Nada é verdadeiramente, corretamente ou totalmente representado por aquilo que é percebido quando consideramos o primeiro olhar e as aparências. Percepções iniciais podem ser - e muitas vezes são - enganadoras, impregnadas pelos valores que desejamos e que obscurecem verdades que são varridas para algum canto da alma. O mundo não é o mesmo idealizado em filmes, música e TVs, mas um lugar confuso, estranho e onde as coisas não são como aparentam ser. Contamos histórias e cantamos canções para tentar encapsular o caminho que desejamos, acreditamos em ideais de justiça que prevalecem e nos confortamos nisso - mas a realidade é que não há nada tão puro.

Assim todo o núcleo lírico de Snakes & Arrows, não devem ser vistos como ataques diretos à variadas filosofias e religiões, mas como um conjunto de percepções pessoais de um livre pensador que exemplifica sua maneira de compreender a real afirmação do ser humano. Somos todos imperfeitos, todos temos medos, mas também somos capazes de nos esforçarmos para fazermos o melhor em nossas circunstâncias. Quando sabemos que há uma má notícia se aproximando (e iremos lidar com isso o tempo todo), precisamos olhar para o que temos de bom primeiro, a fim de nos fortalecemos para o enfrentamento. 

Como um todo, Snakes & Arrows representa perfeitamente como o Rush continua a ser relevante, mesmo após décadas de carreira. Seus arranjos e dinâmica das canções combinados à pensamentos provocantes e tons líricos um tanto quanto controversos criam um álbum atmosférico que se apoia no passado em vários momentos, mas que forja o caminho da banda para o futuro.


domingo, 15 de outubro de 2017

2004 - Feedback

O quarto no subúrbio de Toronto estava mal iluminado com um lustre de pérolas, lâmpadas de lava e velas. Tapetes estampados, guitarras, amplificadores e tambores espalhados pelo chão. O guitarrista, o baixista e o baterista trancados numa jam blueseira rápida através de uma peça acústica e relaxante, um hino do rock tradicional. Enquanto a música ia finalizando, o ar se enchia de sons de retorno, guitarra de doze cordas ecoante e cítara elétrica. 

As lâmpadas de lava vibravam sobre os amplificadores de reforço. Tudo era ... muito ... bonito ... Abril de 2004, mas Geddy, Alex e eu estávamos canalizando um retorno a 1966 e 1967, quando éramos iniciantes de treze e catorze anos de idade. Achamos que seria um símbolo apropriado para comemorar nossos 30 anos juntos voltar às nossas raízes para prestarmos homenagens àqueles com os quais tínhamos aprendido e fomos inspirados. Achamos que poderíamos gravar algumas das músicas que costumávamos ouvir, as quais aprendemos meticulosamente os acordes, notas e bateria para até mesmo tocarmos nas nossas primeiras bandas. 

Ironicamente, ouvi muitas dessas canções pela primeira vez como "covers", interpretados por bandas locais nos arredores de St. Catharines, Ontário, em meados dos anos sessenta. The Who e os Yardbirds me foram apresentados dessa maneira. Poucos anos mais tarde, minha primeira banda, Mumblin' Sumpthin' (nome que veio de uma história em quadrinhos chamada "L'il Abner", algo que sempre tenho que explicar) tocou "Crossroads" do cream e a versão do Blue Cheer para "Summertime Blues". 

Ao mesmo tempo, do outro lado do subúrbio de Toronto, Alex tocava "For What it's Worth" em sua primeira banda, The Projection, e mais tarde, com Geddy, tocaram também "Mr. Soul", "Shapes of Things" e "Crossroads" nas primeiras versões do Rush e em outras bandas chamadas Dusty Coconuts, Waterlogged Gorilla Fingers, Wild Woodpecker Revue e Aquiline Dimension of the Mind (dependendo do dia). 

As outras faixas nesta coleção são músicas que gostávamos da época e que pensávamos que poderíamos "cobrí-las" de forma eficaz (ou seja, sem muitos backing vocals), nos divertirmos um pouco com elas. A música celebra bons tempos em nossas vidas, e tivemos bons momentos celebrando-as. - Neil Peart.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

2002 - Vapor Trails

Vapor Trails, 17º álbum de estúdio gravado pelo Rush e o primeiro com faixas inéditas após um hiato de quase seis anos. Com o anterior Different Stages, coletânea ao vivo de 1998, o trio fechava de forma incerta mais um capítulo da sua história, envolvido por delicados impasses emocionais provenientes dos trágicos acontecimentos ocorridos na vida pessoal de Neil Peart.