terça-feira, 19 de junho de 2018

Monge

Monge

Monge, uma verdadeira celebração brutal e infernal com riffs extremamente ríspidos, às vezes desconexos, bateria na velocidade da luz e uns berros fodidos no mais alto e extremo inferno. Um som odioso e asqueroso (no bom sentido) feito por James (vocal), Danyel (guitarra) e David (bateria), todos integrantes do Facada. 

O som poderia ser definido como um Black/Grindcore, pois elementos dos dois estilos se misturam em uma insanidade total. Distribuído em uma introdução e 7 faixas, o trabalho chega a incomodar os ouvidos mais ‘durões’, tão intenso e raivoso é o barulho destilado. Eu costumo dizer que é como ir no inferno várias vezes e voltar.

O mais importante é que tudo isso é feito de forma coesa e compacta. A produção sujíssima ajuda a dissecar ainda mais o silêncio. Destaque para a faixa mais longa do trabalho, a anormal e mais Black Metal do disco Summoning the Lords of Tragedies Storm. Ah! O cover para The Signal of the Evil Existence, do Rotting Christ, ficou magistral. Coisa do diabo!
2013 - Demo

Ouçam

quinta-feira, 14 de junho de 2018

2018 - Prequelle

4º Disco de estúdio, Ghost intensifica uma característica que sempre esteve presente em sua música: o apelo pop. E isso não é demérito algum, pois ele é construído através de melodias fortes, refrãos pegajosos e uma aura de acessibilidade que contrasta de maneira direta com o discurso presente nas letras, que seguem explorando temas sombrios e demoníacos. Prequelle foi lançado dia 1 de junho e é o sucessor de Meliora (2015). A mudança de direção, que não foi brusca, já havia sido antecipada nos dois EPs liberados anteriormente pela gangue de Papa Emeritus (agora rebatizado como Cardinal Copia), os ótimos If You Have Ghost (2013) e Popestar (2016), que trouxeram covers de nomes como ABBA, Depeche Mode, Echo & The Bunnymen e Eurythmics, além da inédita “Square Hammer”. 

Ao trazer o pop para a sua música, o Ghost apenas resgata uma característica inerente ao heavy metal. Ou você não lembra de hits grudentos como “Paranoid”, “Enter Sandman” e “Fear of the Dark"? O fato é que Prequelle é um dos trabalhos mais sólidos do Ghost e talvez seja o que contém o tracklist mais redondo. As dez músicas do disco mostram um desfile de ótimas ideias, com tudo no lugar e nenhum exagero, bem como nenhuma delas soa desnecessária. Há os destaques imediatos, como as grudentas “Rats" e “Dance Macabre”, que desde já devem marcar presença permanente nos shows do sexteto. O aspecto mais contemplativo da banda vem à tona com a bela “Pro Memoria”, dona de uma linha de piano de arrepiar, e o encerramento com a igualmente transcedental “Life Eternal”.  E no meio do processo ainda há espaço para o metal bem NWOBHM de “Faith" e para duas faixas instrumentais absolutamente sensacionais. “Miasma" é um exemplo da extrema musicalidade da banda sueca, com direito até a um improvável solo de sax Gavin Fitzjohn. E em “Helvetesfonster" temos a presença ilustre de Mikael Akerfeldt, do Opeth, na guitarra acústica, em mais um exemplo de como Cardinal Copia e sua turma são bem relacionados com a nata da música pesada. 

Além disso, a passagem de piano que essa composição contém demonstra a qualidade acima da média dos instrumentistas da banda. Prequelle mostra o Ghost dando um grande passo para fora do nicho do heavy metal, em uma decisão inteligente, muito bem executada e, ao que tudo indica, permanente. Em todos os aspectos trata-se de um disco excelente, com qualidade de sobra para transformar a banda em um fenômeno de popularidade em todo o mundo. E o que é melhor: isso irá acontecer embalado por música de inegável qualidade. Um dos melhores álbuns do ano, com absoluta certeza.


2016 - Popestar (EP)

Segundo EP do Ghost, o primeiro lançamento neste formato, If You Have Ghost, saiu em 2013. Ambos possuem temática similar: uma música própria e quatro versões para canções de outros artistas, em uma tradição que teve início com o single “Here Comes the Sun”, liberando em 2011 e que trazia os mascarados relendo um dos maiores clássicos dos Beatles. A produção é de Tom Dalgety (Opeth, Pixies, Royal Blood). Como dito, são cinco faixas: a inédita “Square Hammer” e as releituras para “Nocturnal Me” do Echo & The Bunnymen, “I Believe” do Simian Mobile Disco, “Missionary Man” do Eurythmics e “Bible" do Imperiet.A banda sueca faz parte daquele grupo de artistas que consegue imprimir sua forte identidade sonora não apenas nas suas próprias criações, mas também ao se aventurar por canções alheias. 

Como já havia feito em If You Have Ghost, o grupo pega para si as faixas coverizadas e faz as músicas soarem como se fossem suas. O resultado final é superior as gravações originais, ainda que duas das releituras sejam para ícones do pop dos anos 1980. Mantendo a atmosfera predominantemente climática e teatral característica, o Ghost brinda os fãs com cinco novas músicas que mantém a alta qualidade que já faz parte da carreira de Papa Emeritus e sua turma (uma dica: apesar de mudar de nome a cada novo disco - Papa Emeritus I, II e III -, o vocalista é o mesmo desde o início e atende pelo nome verdadeiro de Tobias Forge). Muito além de gueto do heavy metal, o Ghost caminha passo a passo na construção de uma carreira interessantíssima, inserindo elementos góticos, progressivos e do pop em sua música, tornando-a cada vez mais rica. O aspecto cênico, com as maquiagens e figurinos e o mistério em torno da identidade dos integrantes, é a cereja do bolo. 

Some-se a isso a capacidade de criar canções cativantes, com riffs fortes e lindas passagens repletas de melancolia, e temos algo único no cenário da música. Entre as faixas de Popestar destaque para a grudenta “Square Hammer”, para o clima e arranjos sombrios de “Nocturnal Me” e a beleza dolorida de “Bible”, que fecha o disquinho entregando um dos momentos mais altos da carreira da banda. Mesmo não tendo o impacto de um álbum completo, Popestar mostra a força do Ghost e evidencia a história singular que a banda está construindo. Não é metal, não é rock, não é pop: é apenas música, e de ótima qualidade, cada vez mais.


2015 - Meliora

Meliora, terceiro disco de estúdio do Ghost, com as mesmas pegadas dos discos anteriores, mas com uma nova tendência, sem esquecer a sua base, Meliora nos traz isso e muitas outras influências maravilhosas.

Faixa a Faixa:

Começamos com “Spirit” e logo sentimos a pegada anos 80 do Ghost. Uma banda não muito potente mas bem técnica. Solos de guitarra elaborados, órgãos e um vocal suave nos dão as boas vindas ao culto from hell do grupo.

“From the Pinecle to Pit” traz um baixo potente em sua abertura e acompanha os vocais novamente suaves(característica da banda) juntamente com um refrão marcante.

“Cirice”, a melhor música do álbum na minha opinião, começa bem marcante. Mantem o padrão da banda e possuí uma parada brusca acompanhada de um piano harmônico dando toques bem emocionais.

“He is” tem uma abertura de violão extraordinária, quem vê de fora nem arrisca dizer que a banda canta em Latim invocado o Demo 90% do tempo. Faixa calma, com toques bem característicos do grupo. Não acho au concour como muitos falam, porém talvez seja a música mais bonita que o belzebu já ganhou.

“Mummy Dust” vem pra matar. Um riff fenomenal , ganha o ouvinte logo de cara e te leva a viajar por meio dos solos de guitarra muito técnicos, cheios de efeitos e distorções. Novamente o órgão está presente ao fundo e a linha de baixo é muito bem executada, o coral ao fundo dá um toque a mais. Parabéns Nameless Ghoul 1,2,3,4 e 5.

“Majesty” te leva até Deep Purple, claramente uma das influências dos suecos. Voltamos aos vocais limpos e claros como água e um ritmo bem marcado. Porém, com uma quebra do padrão sonoro da banda (Finalmente!) no meio da faixa. Arrisco dizer que se não fosse essa música, o álbum seria bem arrastado.

“Absolution” é introduzida por “Devil Church” de maneira magnífica. Novamente um riff com o tempo muito marcado e o mesmo vocal com os mesmos tons e o mesmo andamento. A partir desse ponto Meliora passa a ficar demorado, mesma temática, mesmos tons, sem variação. Executados com excelência e muita técnica é verdade, mas cansativo.

“Deus in Absentia” vem para tentar mudar o panorama. Uma variação do estilo Ghost culminando em uma invocação do coisa ruim, entretanto quase POP. Encerrando o álbum com um coral , ao meu ver, a música conseguiu variar em termos técnicos e instrumentais. Porém, continuou dentro da temática e proposta da banda.

Após ouvir o álbum todo e levando em consideração os últimos dois discos da banda consigo afirmar que houve uma grande evolução no som de modo geral. Porém, se Meliora tivesse mais duas músicas seria impossível de ser ouvido de uma vez só. Beirou o cansativo, não teve o peso esperado pelo público, porém justifica a fama através da técnica e temática.
Front

sexta-feira, 1 de junho de 2018

2013 - Infestissumam

Segundo disco de estúdio do Ghost lançado em 2013. Infestissumam que em latim que dizer: "Hostil", mais sombrio e teatral do que o disco anterior: Opus Eponymus. Explorando cada vez mais uma gama de influências e encontrando sua personalidade. 

A música sombria e satânica é recheada de influências setentistas, é psicodélica e claro tem todo o peso inerente ao heavy metal. Depois de três anos em branco sem lançar nada, os heróis mascarados retornam com Infestissumam para reabrir as portas do inferno e conclamar os seus súditos para o culto macabro. O som ainda mantém as características originais de seu antecessor e os elementos setentistas, o peso do metal e os demais apetrechos estão ali marcando o bom gosto.


O álbum é uma coletânea furiosa de riffs fortes, empolgantes e melodias arrebatadoras, enfim orgástico. Infestissumam assim como Opus Eponymous chegou para escandalizar a sociedade e atear fogo nas sacristias "sagradas" mundo a fora. Rock teatral no mais alto nível sem frescuras cheio de melodias como sempre no mais perfeito estilo clássico enfim um prisma diferente e original, renovador. Faz muito tempo, que o heavy metal não apresentava uma perspectiva herege desse nível, em todos os sentidos.