sexta-feira, 10 de novembro de 2017

1981 - Bad Religion EP

O que esperar de moleques de 16 e 18 anos tocando Punk Rock numa garagem fedida de suor? Música cheia de energia, cheia de furor, cheia de rebeldia sem causa e... Ops! Sem causa, não! Se tem um campo em que o Bad Religion pode se orgulhar de se destacar é por fazer letras contundentes e absolutamente conscientes do mundo à sua volta! Na idade em que estavam e do meio em que vieram, eles podiam tranquilamente fazer as 6 músicas de seu EP de estreia sobre como xavecar a líder de torcida bonitinha, ou sobre como o sol da Califórnia brilha bonito no corpo da universitária, mas eles, punks que eram, escolheram falar de temas como “religião”, “política”, “governantes inúteis”, “stress”, “suicídio por descrença na sociedade” e “guerras”, e de uma maneira que deixaria seus pais chocados com tamanha noção da realidade cruel em que vivem e pela maneira que a descrevem nas letras. O lado A, abre com a homônima “BadReligion”, que ataca as religiões, as comparando com uma fábrica, onde tudo funciona precisamente para manter os funcionários/fieis alienados e na linha. O riff de abertura de Brett Gurewitz é marcante, mas a música se perde numa confusão cromática que desenvolve até chegar no refrão e fica estranha. Nessa época, a banda ainda não havia desenvolvido sua capacidade de passear nas melodias pops e, além disso, o vocalista Greg Graffin ainda estava com sua “voz de adolescente de 16 anos em desenvolvimento” e berrava de maneira bem esganiçada...




O play segue com o hardcore “Politics”, com a banda atacando os governos e chamando o presidente de “idiota” (jerk). Depois o “alvo” da fúria dos jovens da “má religião” é o stress, com a crítica e alegrinha “Sensory Overload”, onde reclamam por estarem com seus sentidos sobrecarregados de tanta estupidez da sociedade. O lado B abre com a mira apontada novamente para os políticos, com a pogante “Slaves”, marcada pelo baixo de Jay Bentley e pela batida mais “ramônica” do então batera, Jay Ziskrout. Depois o clima fica bem pesado com a tensa e lenta “Drastic Actions”, onde Graffin relata uma cruel realidade com um crescente número de suicídios por descrença na sociedade. Pra fechar, eles pisam novamente no acelerador, com a hardcore de 54 segundos “World War III”, onde já previam, em 1981, que o imperialistmo americano os levaria a mais guerras sem sentido. Assim como ficou costumeiro no decorrer da discografia do Bad Religion, a composição das faixas é divida entre Graffin e Mr. Brett. Apesar de que neste EP as músicas pareçam muito entre si, o estilo de composição de Graffin é mais “nerd” e “preciso”, o que contrasta legal com a “arte musical abstrata” que Brett costuma arriscar, enriquecendo bastante o catálogo da banda. Como era o primeiro EP, e por ter sido gravado no Studio 9, um pequeno estúdio de demos alocado no andar de cima de uma farmácia, o “Bad Religion - EP” é aconselhado apenas àqueles já acostumados com aquele Punk Rock sujão, que beira o hardcore, sem muito peso, firula ou produção, onde o que vale mesmo é a mensagem que está sendo passada. Esse ainda não é o Bad Religion fazendo o som pelo qual ele ficou conhecido e se tornou referência. Era apenas a estreia de mais uma banda de Punk Rock tocando bem rápido, no fervilhante cenário hardcore americano do início dos Anos 80. De qualquer modo, a sementinha plantada nesse cenário germinou muito bem no futuro, como iremos ver...

FONTE: http://discoadisco.blogspot.com.br/2014/09/bad-religion-discografia.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário