domingo, 15 de outubro de 2017

2004 - Feedback

O quarto no subúrbio de Toronto estava mal iluminado com um lustre de pérolas, lâmpadas de lava e velas. Tapetes estampados, guitarras, amplificadores e tambores espalhados pelo chão. O guitarrista, o baixista e o baterista trancados numa jam blueseira rápida através de uma peça acústica e relaxante, um hino do rock tradicional. Enquanto a música ia finalizando, o ar se enchia de sons de retorno, guitarra de doze cordas ecoante e cítara elétrica. 

As lâmpadas de lava vibravam sobre os amplificadores de reforço. Tudo era ... muito ... bonito ... Abril de 2004, mas Geddy, Alex e eu estávamos canalizando um retorno a 1966 e 1967, quando éramos iniciantes de treze e catorze anos de idade. Achamos que seria um símbolo apropriado para comemorar nossos 30 anos juntos voltar às nossas raízes para prestarmos homenagens àqueles com os quais tínhamos aprendido e fomos inspirados. Achamos que poderíamos gravar algumas das músicas que costumávamos ouvir, as quais aprendemos meticulosamente os acordes, notas e bateria para até mesmo tocarmos nas nossas primeiras bandas. 

Ironicamente, ouvi muitas dessas canções pela primeira vez como "covers", interpretados por bandas locais nos arredores de St. Catharines, Ontário, em meados dos anos sessenta. The Who e os Yardbirds me foram apresentados dessa maneira. Poucos anos mais tarde, minha primeira banda, Mumblin' Sumpthin' (nome que veio de uma história em quadrinhos chamada "L'il Abner", algo que sempre tenho que explicar) tocou "Crossroads" do cream e a versão do Blue Cheer para "Summertime Blues". 

Ao mesmo tempo, do outro lado do subúrbio de Toronto, Alex tocava "For What it's Worth" em sua primeira banda, The Projection, e mais tarde, com Geddy, tocaram também "Mr. Soul", "Shapes of Things" e "Crossroads" nas primeiras versões do Rush e em outras bandas chamadas Dusty Coconuts, Waterlogged Gorilla Fingers, Wild Woodpecker Revue e Aquiline Dimension of the Mind (dependendo do dia). 

As outras faixas nesta coleção são músicas que gostávamos da época e que pensávamos que poderíamos "cobrí-las" de forma eficaz (ou seja, sem muitos backing vocals), nos divertirmos um pouco com elas. A música celebra bons tempos em nossas vidas, e tivemos bons momentos celebrando-as. - Neil Peart.

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