quinta-feira, 3 de maio de 2018

Cheatahs


Bastante influenciados pela sonoridade de início dos anos 90, da cena shoegazer e do indie rock norte-americano, tipo Dinossaur Jr, o quarteto inglês Cheatahs vem lançando singles, EPs e um álbuns desde 2009.

Formada nos meados de 2009 por Nathan Hewitt (Vocais, Guitarra), James Wignall (Guiatrras, Sintetizadores), Dean Reid (Baixo) e Marc Raue (Bateria). O som desenvolvido  pelo grupo segue a tendência inglesa do início dos anos 90, onde bandas exploravam sonoridades estranhas permeadas por guitarras ruidosas e muita distorção e reverb, o que posteriormente a mídia musical chamaria de Shoegaze. Este movimento que se destacara apenas na transição dos anos 80 para o 90 teve grandes influencias para o rock alternativo, por mais que as bandas que foram responsáveis pelo seu surgimento (como My Bloody Valentine, Swervedriver, Slowdive, dentre outras) não terem ido muito além do ano de 1996. Aproveitando estas influencias, o Cheatahs traz de volta este som da década retrasada e o coloca com uma roupagem moderna e viva. Os elementos do shoegaze inglês que foram sendo diluídos na música alternativa no início dos anos 2000 são apresentados pelo quarteto de forma condensada e madura.

De 2009 a 2012 o grupo lançou em torno de três EPs, ensaiando a gravação de seu debut em 2014 que leva o nome da banda. Estes trabalhos anteriores à gravação do álbum demonstravam o direcionamento musical que a banda pretendia seguir e escancarava a influência pesada de Swervedrive e Dinosaur Jr. Quando surgira o álbum de estreia, a banda apresentara um som consistente, no qual entusiastas de bandas dos anos 90 poderiam encontrar conforto e vontade de pôr o volume no máximo.

Após um bom álbum de estreia, a banda se concentrou logo na gravação de um próximo EP junto aos shows de divulgação e surpreendentemente, no ano seguinte foram gravados dois trabalhos compostos por quatro faixas cada, Sunna e Murasaki. O primeiro EP demonstrava uma fase de transição entre guitarras diretas para guitarras mescladas à experimentações eletrônicas, o que se consolidou no segundo EP. O nome deste é inspirado em uma escritora japonesa — Murasaki Shikbu — rende uma certa curiosidade, visto que o cenário musical japonês de rock alternativo é um grande entusiasta da opressão sonora do Shoegaze; Talvez esta imagem faça um pouco mais sentido se recordarmos do filme Encontros e Desencontros (2003) de Sofia Coppola, que conta com a trilha sonora composta por Kevin Shields, guitarrista do My Bloody Valentine.

Ao final de 2015 outro álbum surgira, Mythologies. Neste trabalho de cara podemos perceber um direcionamento menos agressivo em relação ao primeiro álbum. Aqui o rock diretamente expresso pelo grupo se converte em algo mais experimental e direcionado à criação de camadas sonoras por meio de sintetizadores e efeitos de órgão nas guitarras. Outra influência discreta perceptível vem da Neo-Psychedelia vista em bandas como Temples e Tame Impala, isto é notado principalmente no Single deste álbum “Seven Sisters”. Neste segundo trabalho o Cheatahs se mostra uma força criativa dentro do rock inglês e que não pretende viver à sombra de suas influencias, mas explorar musicalmente suas possibilidades.

No início de 2016, ao fim da turnê do álbum recém lançado, Nathan Hewitt decidiu dar um tempo da banda, deixando o futuro do Cheatahs incerto por um ano e meio, quando ele anunciou um novo projeto chamado Hypnotic Kingdom e lançou um single no início de agosto de 2017. O quanto isto indica sobre o futuro do Cheatahs ainda é cedo para dizer, mas com certeza ainda é uma banda que vale a pena conferir.

Discos:

2012 - Extended Plays


O álbum de estreia de Cheatahs, é na verdade uma compilação de dois EP's que a banda lançou. Vamos fazer um ótimo coquetel de rock - pegue duas partes de shoegaze agressivo, uma parte dos anos 90 guitar god alternative rock (pense em Dinosaur Jr. e Sugar) e mexa com pedaços sólidos de puro pop. Vamos chamá-lo de Extended Plays e atribuí-lo aos Cheatahs de Londres . O resultado é excitante e refrescante, e mais do que um pouco barulhento. Vamos avisá-lo que você provavelmente vai querer outro.
2014 - Cheatahs

Primeiro álbum trazendo uma sonoridade que remete aos anos 90 em facetas diversas: Dinosaur Jr., Ride, Boo Radleys e, por instantes, My Bloody Valentine; com guitarras geralmente saturadas e rápidas e vocais indolentes. No currículo, além dos discos lançados, abertura para bandas como Veronica Falls e Dinosaur Jr. De pronto se constata que a ideia que norteia a sonoridade do grupo é unir melodia e barulho. O resultado tanto pode se aproximar do noise-pop, do dreampop, ou mesmo do rock alternativo americano. O ponto de interseção de tudo isso está nos riffs de guitarra, pedra angular nas composições da banda. Que não se tome isso como demérito, mas pode-se pegar quatro faixas como exemplo, as outras são variações dessas ideias: “Geographic” (das melhores faixas do álbum) é rápida, com guitarras sujas e baixo distorcido, que por momentos desejam explodir num inferninho noise; enquanto “Northern Exposure” tem aqueles riffs rápidos e entupidos de fuzz do barulhento J. Mascis, que tenta encaixar no meio da zoeira alguma melodia; “Mission Creep” segue um andamento menos acelerado mas não menos barulhento, intercalando passagens tranquilas com intensidade guitarrística; por fim, a massa sonora “descompassada” de “IV”, com uma profusão de guitarras preguiçosas unidas a um vocal não menos sonolento. O álbum sai oficialmente no dia 14 de fevereiro pelo pequeno selo Wichita Recordings, lar de nomes um tanto conhecidos da cena musical alternativa: Best Coasts, Cloud Nothings, Los Campesinos!, The Dodos, The Cribs, Simian Mobile Disco.


2015 - Mythologies

“Mythologies” é o segundo disco do Cheatahs, depois do ótimo disco homônimo de estreia, lançado em 2014. Vem logo depois do EP “Murasaki”, de 2015. De acordo com a banda, o nome do disco foi tirado de uma coleção de ensaios, de 1957, de Roland Barthes, sobre semiótica e mitos do cotidiano da sociedade francesa. “Pra Barthes, o mito é uma forma de fala, despolitizada, produzida pela conotação. É uma distorção, deformação da realidade, ideologia”, escreveu o jornalista e mestre em comunicação Alexander Goulart, em 2006, pro Observatório da Imprensa. De distorções, o Cheatahs entende. Mas as treze músicas aqui, todas produzidas pela banda, apresentam uma variedade em relação aos trabalhos anteriores no uso dos pedais e chiados. O álbum foi gravado em vários lugares em Londres, incluindo um vizinho do núcleo anti-terrorista do MI5 nos anos sessenta, com vista pro Tâmisa, e isso influenciou o resultado. ” Nós nos sentimos muito nômade e a sensação de liberdade nos inspirou a experimentar”, diz a banda no texto de apresentação do disco.



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